Quem teria começado o incêndio? Ninguém sabia. De manhã cedo
João Romão já pensava em aumentar os aluguéis, seria a única solução para
recuperar os prejuízos. Logo ele deu ordem para começar os consertos. Em
seguida decidiu ir reclamar com o subdelegado e se dirigiu a delegacia, aonde
várias pessoas vieram junto a ele. Era quase uma passeata pela cidade ate a
delegacia com toda aquela gente. Encheram a sala do delegado. Perguntas eram
feitas e todos respondiam juntos, deixando a todas as autoridades confusas.
João só queria explicações pelos danos causados. O subdelegado apoiava a
atitude dos policiais. Os moradores não aceitavam pois diziam que estavam
quietos no seu canto e a policia que veio incomodar. O subdelegado interrogou
um por um dos que estavam ali e foi liberando o bando aos poucos.
Os moradores queriam achar também que navalhou Jerônimo,
pois ele não dizia o nome do delinquente. Rita foi a que mais socorreu o
português, pois sabia que no fundo a culpa era dela, ao lado de Piedade a
esposa que só chorava pelos cantos. A mulata cada vez mais próxima dele fazia
questão de dedicar seus cuidados a Jerônimo, o qual sorria a ficava feliz sendo
cuidado por Rita. Um animal ferido que acariciava as mãos dela e a pegava pela
cintura, demonstrando seu grande amor. Só faltava os dois se beijarem ali mesmo
aos olhos de Piedade. Os três ficaram juntos por toda a noite, e logo na manhã
seguinte foram para a Ordem de Santo
Antônio e depois retornaram.
As lavandeiras trabalhavam de um jeito improvisado para atender os pedidos dos fregueses e ao mesmo tempo comentavam, como o resto todo do cortiço, sobre o que tinha acontecido no dia anterior e reclamavam dos seus prejuízos individuais, desde a quebra de algum objeto, até algum ferimento. Nove da noite todos se arrumavam para dormir, era o fim daquele longo dia no cortiço.
João Romão estava suspeitando que estivesse com febre e chamou sua companheira para lhe dar algo. Depois de cuidar dele, foi dormir sossegada e acordou as quatro da matina, estalando os ossos e se espreguiçando. Começou o preparo do café para os trabalhadores enquanto o já começava a clarear. A vida no cortiço recomeçava a caminhar normalmente.
Pombinha não queria sair da cama por causa dos acontecimentos da noite anterior na casa de Leonie, mas dizia para sua mãe que não se sentia muito bem.
O passeio na casa de Leonie tinha sido ruim, pois deixou Pombinha impressionada com todo aquele luxo e da maneira como foi recebida. Leonie pediu a criada para que elas ficassem sozinhas. E então ela começou a abraça-la, acaricia-la e fazer perguntas muito carinhosamente. Enquanto isso Dona Isabel recordava seus bons tempos de riqueza e pensava como seria bom se tudo voltasse a ser como era antes. Leonie serviu um cha durante a tarde com muito luxo para elas, e continuava a tratar Pombinha de uma maneira muito especial. Dona Isabel esagerou um pouco no vinho e pediu para descansar, e deitou-se em um dos quartos da casa e adormeceu. As duas ficaram sozinhas em outro quarto Leonie começou a puxar a menina para perto de si, desejando-a e dizendo que estaria louca pela moça, Pombinha ficou acanhada e tentou mudar de assunto, mas Leonie continuava a apalpa-la. E então começou tirar as roupas da menina, deixando-a assustada sem entender o que estava acontecendo. Logo em seguida tirou suas próprias roupas e insistiu na situação, dizendo que não teria mal algum no que estavam fazendo. Convenceu a menina a tirar o resto de suas roupas e então a francesa foi para cima dando beijos e abraços violentos, Pombinha tentou lutar para que não acontecesse o que estava previsto, mas acabou cedendo. Leonie insistiu tanto que o sangue da moça ferveu e fizeram amor loucamente. Depois de que tudo já tinha acontecido Pombinha se deu conta do que fez, se sentiu muito envergonhada e vestiu-se. Quis sair o mais rapido possível dali e não voltar nunca mais naquela casa. Leonie ajoelhou-se aos seus pés pedindo que não ficasse com raiva dela. Pediu-lhe um beijo de reconciliação e ela deu.
Jantaram em seguida e Leonie a presenteou com um anel de diamantes o qual não queria receber mas sua mãe insistiu pra que aceitasse. As oito mãe e filha voltaram para casa, Dona Isabel percebia que a filha estava triste, mas ela não respondia quando perguntava o que tinha acontecido. Pombinha estava muito abalada dos nervos com o que tinha acontecido, por isso no dia seguinte sentia dores no útero e não queria comer. Estava muito inquieta e decidiu dar uma volta pelo cortiço. Achou uma árvore onde se acomodou e teve um sonho lúdico, em que se via em uma floresta vermelha, nua sob o sol. Depois viu uma grande claridade e ao seu redor se formavam camadas de sangue. E então de repente se via envolvida em uma grande pétala de flor. No seu sonho ela sorria e dava olhares para sol de maneira sensual. E então o sol se desdobrou, formando duas asas, e uma borboleta gigante de fogo aproximou-se dela. E borboleta se aproximava e se afastava, fugindo sempre, enquanto a moça queria ser alcançada por ela. A grande flor se abria para que a borboleta pousasse, e a moça implorava para que isto aconteça, mas nada. Então Pombinha despertou, e se deu conta, com as mãos entre as pernas, de que sua “regra” tinha descido. Ficou assustada e feliz, e um sino bateu ao longe, enquanto um raio de sol do meio-dia batia no ventre da menina que tinha acabado de virar mulher.
1 comentários:
Uma das partes mais "assustadoras" é quando o Cortiço está pegando fogo e a Bruxa fica rindo até que a casa dela desaba sobre ela o_o
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