Capítulo XII

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

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    Pombinha logo que soube da notícia foi correndo ao número quinze do cortiço, sua mãe lavava roupa. Simplesmente chegou e ergueu a saia que estava cheia de sangue. Sua mãe agradeceu aos deuses erguendo as mãos para o céu, abraçou-a e saiu gritando para o cortiço inteiro a notícia. Gritava de alegria, pois sua filha agora era uma mulher, seria a salvação das duas. Dona Isabel logo chamou João da Costa para comemorar com elas, passou o dia matando galinhas para o jantar. Ficou mais carinhosa e cuidadosa com a filha pedindo para que não pegasse frio. Receberam visitas até de Neném e Das Dores, como se fosse uma data festiva ou algum dia especial. Todos puderam perceber a mudança de humor repentina de Dona Isabel, estava mais feliz e contente.

Mas, na estalagem as pessoas ainda estavam um pouco tristes por causa dos conflitos ocorridos e da navalhada que Jerônimo tinha levado. As noites de samba, festa tinham acabado. Rita estava concentrada, mas sempre aborrecida. O vendeiro proibiu Firmo de entrar na estalagem se este não quisesse ser entregue para a polícia. Piedade vivia angustiada e só chorava pelos cantos, não aguentava mais ser mal recebida pelo marido, que não queria ouvi-la falar mal de Rita. Bruno sentia falta de sua mulher, mesmo que a Bruxa visse que a mulher ainda o amava. Dona Isabel e a filha eram as únicas que estavam se dando bem. Pombinha já estava até noiva e o casal planejava morar junto com a mãe da moça. Depois de um tempo marcaram o casamento e estavam cuidando do enxoval. Pombinha se tornava cada vez mais sedutora,
estava se tornando uma legítima mulher. Bruno chegou um dia em sua casa lhe pedindo um favor, de que o ajudasse a escrever uma carta para esposa que ele teria expulsado. Ela fez uma pausa na sua costura e escreveu a carta para ele, que agradeceu profundamente pela sua bondade.





Na carta ele pedia que ela voltasse em qualquer circunstância, ele faria tudo para que ela voltasse, pagaria suas dividas e tudo. No fim perdoava sua esposa, suas lágrimas caiam ao finalizar a carta. Pombinha não deixou de perceber o grande amor dele pela ex-esposa, mas agora que se tornara mulher tinha um olhar diferente sobre aquele sentimento. Percebeu que o homem mesmo sendo um animal grande e forte fica fraco as mãos de uma mulher. Bruno foi embora com a carta. Pombinha ficou pensando por um bom tempo que é incrível o poder que uma mulher tem sobre o homem, ela é capaz de deixá-lo sem chão. Os homens são meros escravos neste mundo, as mulheres são superiores. E voltou a sua costura, mas continuo pensando que as pessoas se assemelham muito com os animais, como Firmo e Jerônimo disputando a mesma fêmea, como Miranda que estava sobre o poder da mulher que estava sempre a procura de novos homens. Lembrou também de Domingos que acabou perdendo seu emprego por causa de uma menina tola e lembrou-se dos cavouqueiros como bestas sensuais, por causa de todas as cartas que ela teria escrito sobre aquela escrivaninha. Tirou a conclusão de que não amaria Costa, porque ele era um animal escravo como todos os outros homens. Decidiu não romper o casamento somente pela sua mãe. Em uma semana o assunto da vez era o seu casamento. Casou-se na igreja de São João Batista ao meio dia. Apareceu na porta toda de branco mandando beijos para todos que estavam por lá, enquanto sua mãe chorava. Neném correu em direção a noiva pedindo para não se esquecer de mandar um botão de grinalda de flores para ela, pois não queria ficar solteira.

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